Volta a se intensificar nesta terça-feira (27) no Rio Grande do Sul a polêmica sobre as dissidências dentro do PDT gaúcho em relação a eleição estadual. Um grupo de 20 pedetistas, intitulado Movimento Autenticidade Trabalhista, formado principalmente por professores universitários, e que funciona como um órgão de colaboração em estudos e pesquisas do partido, está lançando um manifesto no qual se destacam dois pontos: O apoio às posições do ex-governador Alceu Collares (que declarou voto no candidato do PT ao governo do Estado, Tarso Genro e a oficialização do voto dos integrantes do grupo também no candidato petista.
O detalhe é que o grupo participou da elaboração do plano de governo da coligação "Juntos pelo Rio Grande" (integrada por PMDB, PDT, PTN e PSDC), que tem como candidato ao governo José Fogaça (PMDB),o principal adversário de Genro na eleição.
O PDT não é apenas o maior aliado do PMDB na eleição estadual. Também indicou o vice de Fogaça, o deputado federal Pompeo de Mattos. Mas, desde antes do fechamento da aliança, o partido é alvo de assédio constante do PT. No ano passado o PDT quase optou por aliar-se ao PT na disputa pelo governo. O fato de Fogaça, então prefeito de Porto Alegre, precisar sair para disputar a eleição, deixando a prefeitura para o pedetista José Fortunati, contudo, foi decisivo para que os trabalhistas escolhessem o PMDB.
Aqui e ali, as dissidências surgiram desde o início da aliança, mas sempre de lideranças municipais, e o PDT considerava a questão controlada quando, no início de julho, Collares declarou publicamente o voto em Genro durante a visita da candidata do PT à presidência da República, Dilma Rousseff, a Porto Alegre. O argumento do ex-governador é de que o PMDB gaúcho havia prometido ao PDT, quando do fechamento da aliança, que apoiaria Dilma, o que não aconteceu.
O PMDB do Rio Grande do Sul em sua maioria prefere o candidato do PSDB à presidência, José Serra, e oficializou no final de junho sua posição de neutralidade em relação à disputa presidencial.
Há 10 dias Collares causou mais constrangimentos ao partido, quando decidiu participar de uma plenária de mobilização interna da coligação encabeçada pelo PT. Parte do PDT ventilou a informação de que Collares na verdade defendia interesses pessoais, uma vez que, em 2008, foi nomeado para integrar o Conselho de Administração da Itaipu Binacional.
A direção estadual do partido decidiu encaminhar um pedido de punição à direção nacional mas, em entrevistas, o presidente nacional licenciado do PDT, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, deu razão a Collares.
Agora, o Movimento Autenticidade Trabalhista volta a falar sobre a disputa presidencial. Segundo o presidente do grupo, Orion Cabral, a posição do movimento se dá por dois motivos: para defender Collares, que em sua avaliação foi alvo de uma tentativa de desqualificação; e porque o PMDB não teria honrado com seu compromisso de apoiar Dilma. "Vamos apoiar Tarso e Dilma porque o PT está mais próximo de nossos ideais trabalhistas do que o liberalismo. O PMDB gaúcho, através de suas lideranças, está apoiando o Serra e o Serra seria um atraso para o país", declara Orion. Questionado sobre se o PDT pretende adotar alguma medida em relação aos novos dissidentes, o presidente do diretório estadual, Romildo Bolzan Júnior, disse que o partido vai se preocupar é em "tocar a campanha".
O presidente estadual do PMDB, senador Pedro Simon, minimizou as novas dissidências. Ressalvando todo seu respeito pela figura de Orion, lembrou que a vida política do pedetista se limitou a sua vinculação com Collares, de quem foi secretário da Fazenda, e que a decisão do grupo que ele encabeça não chega a gerar novo abalo à campanha do PMDB.
Fonte: Terra
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