quinta-feira, 15 de julho de 2010

Jornais incitam Dra. Cureau contra Dilma



Alertado por nossos comentaristas fui ver direitinho essa história de que a Dra Sandra Cureau estaria cogitando algum tipo de ação, que no caso poderia ser mais bem chadado de golpe, para tirar Dilma da eleição para Presidente da República. Lendo a mesma informação nos três grandes veículos da mídia brasileira (O Estado de S.Paulo, O Globo e Folha de S.Paulo), me pareceu ter ocorrido uma certa forçação de barra por parte do Estadão.

Em nenhum momento, a Dra Cureau falou (pelo menos nada apareceu entre aspas) que a ação, que inicialmente teria como alvo o presidente Lula, se estenderia também à Dilma e poderia afastá-la da disputa eleitoral. Acho que o Estadão carregou nas tintas, como se diz no meio jornalístico, traduzindo na sua matéria mais o seu desejo do que os fatos. A matéria da Folha não faz nenhuma referência a uma punição a Dilma, e O Globo menciona a hipótese na última linha de sua matéria, não destacando o fato como fez o Estadão.

Fica evidente também que a Dra Cureau foi instada a falar sobre o caso em que Lula, na cerimônia de lançamento do edital do trem-bala, destacou o trabalho de Dilma para que o processo andasse. Sempre a postos para ajudar Serra, a grande imprensa foi provocar a procuradora, que também não perde um refletor, para saber o que seria feito. Poderia ter aproveitado para perguntar também o que a Dra Cureau acha das várias declarações do governador de São Paulo, Alberto Goldman, sobre Serra, que publicamos aqui e estão à disposição de quem quiser ver no site do governo daquele estado.

“É absolutamente proibido, nessa época do ano, que em inaugurações se faça propaganda para um candidato. Isso é uso da máquina pública”, disse Cureau. Muito bem senhora procuradora. Então se informe sobre o uso da máquina pública em São Paulo e tome as devidas providências. Ou a única máquina pública que importa é a do governo federal?

Como já afirmei outras vezes, tudo isso é uma grande bobagem. Lula e Goldman deveriam poder citar seus candidatos quantas vezes quisessem. É uma hipocrisia em nome de um falso equilíbrio do processo eleitoral. Uso da máquina pública que deve ser vigiado é destinação de recursos dos governos às campanhas e não opiniões. O presidente, os governadores, prefeitos, todos têm o direito de exprimir o que pensam e dizer quem apoiam, mesmo em eventos oficiais. Essa declarações só irão repercutir se o governante tiver popularidade e for respeitado. Caso contrário, funcionam como um tiro pela culatra.

O Ministério Público requisitou a gravação da fala de Lula no tal evento e o TSE também afirmou que analisará as declarações do presidente. Podiam aproveitar o carreto, como se diz na gíria, para solicitar também o registro das referências de Goldman a seu chefe. Tudo em nome do equilíbrio, naturalmente.

Do Tijolaço

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