domingo, 22 de junho de 2014

Desculpem meus amigos, cansei, vou votar no Aécio!!


Desculpem amigos, vou votar no Aécio.

"Cansei... Basta"! Vou votar no Aécio...

Cansei de ir ao supermercado e encontrá-lo cheio.

O salário dos pobres aumentou e qualquer um agora se mete a comprar carne, queijo, presunto, hambúrguer e iogurte.

Cansei dos bares e restaurantes lotados nos fins de semana.

Se sobra algum dinheiro, a gentalha toda vai para a noite. Cansei disso.

Cansei de ir em Shopping e ver a pobreza comprando e desfilando com seus celulares.

A Internet virou coisa de qualquer um. Pode? Até o filho da manicure, pedreiro, catador de papel, agora navega na internet. Isso é humilhante. Cansei...

Cansei dos estacionamentos sem vaga. Com essa coisa de juros baixos, todo mundo tem carro. "É uma vergonha!", como diria o Boris Casoy.

Com o Aécio os congestionamentos vão acabar....

Porque, como em São Paulo, vai instalar postos de pedágio nas estradas brasileiras a cada 35 km , e cobrar caro.

Cansei da moda banalizada. Agora, qualquer um pode botar uma confecção. Tem até crédito oferecido pelo governo.

O que era exclusivo da Oscar Freire, agora se vende até no camelô da 25 de Março e no Braz. Cansei...

Vergonha, vergonha, vergonha...

Cansei dessa coisa de biodiesel, de agricultura familiar. O caseiro do meu sítio agora virou "empreendedor" no Nordeste. Pode?

Por isso eles vão votar nesta tal de Dilma... Só porque não precisam mais ficar implorando para ter um emprego de porteiro nas grandes capitais...

Cansei dessa coisa "tola" de Bolsa Família. Esse dinheiro poderia ser utilizado para abater a dívida dos empresários de comunicação (Globo, SBT, Band, Rede TV, CNT, Folha de SP, Estadão, etc.) ou quem sabe até dar uma forcinha pros pobres Banqueiros eles estão na miséria.

A coitada da "Veja" passando dificuldade e esse governo alimentando gabiru em Pernambuco. É o fim do mundo.

Cansei dessa história de PROUNI, que botou esses pobretões, sem berço, na universidade. Até índio, agora, vira médico e advogado. É um desrespeito... Meus filhos, que foram bem criados, precisam conviver e competir com esse pessoal.

Cansei dessa história de PRONATEC que colocou milhões de jovens nos cursos técnicos

Cansei desse governo que construiu 17 universidades federais, meu Deus que loucura, bom era FHC que não construiu nenhuma, pra que esse bando de estudantes universitários?

Pôxa, esse tal de Lula e essa tal de Dilma, construíram mais escolas técnicas do que todos os governos dos últimos 100 anos, que horror!! Cansei!!

Cansei dessa história de Luz para Todos.
Cansei dessa história de facilitar a construção e a compra da casa própria.
E os coitados que vivem de cobrar aluguéis? O que será deles?

Cansei dessa palhaçada da desvalorização do dólar.
Agora, qualquer um tem TV LCD, MP3, celular e câmera digital.
Qualquer umazinha, aqui do prédio, vai passar férias no Exterior.
É o fim...

Vou votar no Aécio.

Cansei, vou votar no Aécio, porque quero de volta as emoções fortes do governo de FHC, quero investir no dólar em disparada e aproveitar a inflação. Investir em ações de Estatais quase de graça e vender com altos lucros, quero ter dinheiro na poupança a juros altos.

Chega dessa baboseira politicamente correta, dessa hipocrisia de cooperação. O motor da vida é a disputa, o risco, morrer é o destino dos pobres...

Quem pode, pode, quem não pode, se sacode.

Tenho culpa se meu pai era mais esperto que os outros para ganhar dinheiro comprando ações de Estatais quase de graça? Eles que vão trabalhar. Vagabundos!

Quero os 500 anos de oligarquia autoritária, corrupta e escravizante de volta.
Quero também os Arminios Fragas & outros pulhas, que transformaram a Vale a Light e a Embratel em meros ativos para vender a preço de banana para os amigos do rei.

Quero de volta a quadrilha do SERRA e do FHC, escondendo escândalos, maracutaias e compra de votos no Congresso. Com eles, ninguém denuncia, afinal são eles os grandes professores da USP. Imagina se vão falar mal destes professores. Agora, eu adoro quando denunciam estes pobres e barbudos que aí estão.

Onde já se viu: nesta terra sem lei chamada Brasil, só a direita corrupta tem o direito de roubar, o resto tem que trabalhar duro, com salário de fome para que os tubarões do PSDB, empresários e banqueiros, comprem suas mansões, seus jatinhos e iates além de mandarem dinheiro para paraísos fiscais.

Quero o AÉCIO/FHC e sua quadrilha fazendo pelo país o que fez com os funcionários públicos, Professores, Médicos e Policiais do Estado de São Paulo, (que estão há 20 anos a míngua). Tem que arrebentar essa cambada de pobretões.

Eu ia anular.
Mas cansei.
Basta!
Vou votar no Aécio. Quero ver essa gentalha no lugar que lhe é devido.
Quero minha felicidade de volta!
Afinal pra que querer o que é bom, se no passado estávamos acostumados com o que não presta.

Só não vale uma coisa, arrependimento, pense nisso são 4 anos e tudo que foi conquistado irá por água abaixo.
 
Abraços e em outubro.

Vote por Você.
Vote por seus Filhos.
Vote por seus Netos.
Vote pelo futuro de todo cidadão de bem.
Vote pelo Brasil.

Vote Dilma 13 - Essa sim é gente do BEM...

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Cada um tem seu tempo e depois entra em silêncio

Há um livro curioso do Primeiro Testamento, o Eclesiastes(em hebraico Coélet), que não menciona a eleição do povo de Deus, nem a aliança divina, sequer a relação pessoal com Deus. Representa a fé judaica inculturada na visão grega da vida. Possui um olhar agudo sobre a realidade assim como se apresenta e nutre a reverência para com todos os seres.  Há uma passagem assaz conhecida que fala do tempo: "Há tempo de nascer e tempo de morrer, tempo de plantar e  tempo de colher, tempo de rir e tempo de chorar, tempo de amar e tempo de odiar, tempo de guerra e tempo de paz" e por aí vai (c. 3,2-8). Há muitas formas de tempo. Precisamos nos libertar de um tipo de tempo dominante, aquele dos relógios.  Todos somos reféns deste tipo de tempo mecânico. Conhecem-se relógios — o primeiro foi o relógio do sol, já há 16 séculos. Supõe-se que foram os asiáticos que, por primeiro, inventram o relógio. Em 725 da nossa era, um monge budista maquinou um relógio mecânico que à base de baldes de água fazia uma rotaçãocompleta em 24 horas. No Ocidente atribui-se a outro monge, um beneditino, depois papa Silvestre II (950-1003), a invenção do  relógio mecânico atual. 
Hoje, ninguém anda sem algum tipo de relógio mecânico, que mede o tempo a partir das rotações da Terra ao redor do Sol. Mas essa visão mecânica do tempo do relógio estreitou nossa percepção dos muitos tempos que existem, como referidos pelo Eclesiastes acima. Foram os cosmólogos modernos que nos despertaram para os vários tempos. Tudo no processo da evolução possui o seu timing. Não respeitando certo timing, tudo muda, e nós mesmos não estaríamos aqui para falar do tempo. 
Assim, por exemplo, imediatamente após a primeira singularidade, o Big Bang,  a explosão imensa (mas silenciosa, pois não havia ainda o espaço para recolher o estrondo) ocorreu a primeira expressão do tempo. Se a força gravitacional, aquela que faz expandir e ao mesmo tempo segurar as energias e  as partículas originárias (a mais importante das quatro existentes) fosse por milionésimos de segundo mais forte do que se apresentou, retrairia tudo para si e causaria explosões sobre explosões e tornaria o universo impossível. Se fosse, por milionésima parte de segundo, um pouco mais forte, os gazes se expandiriam de tal forma que não ocasionariam a sua condensação e  não teriam surgido as estrelas, os elementos todos que compõem o universo, nem haveria o Sol, a Terra e a nossa existência humana. 
Mas ocorreu aquele tempo necessário para o equilíbrio entre a expansão e a contenção que acabou  abrindo um tempo  para surgir tudo o que veio posteriormente. Houve um exato tempo em que se formaram as grandes estrelas vermelhas, dentro das quais se forjaram todos os tijolinhos que compõem todos os seres. Se esse tempo exato fosse desperdiçado, nada mais teria acontecido. 
Houve um tempo exatíssimo em que naquele dado momento deveriam surgir as galáxias. Se tivesse faltado aquele tempo, não surgiriam os cem bilhões de galáxias, os bilhões e bilhões de estrelas, em seguida os planetas como a Terra. Num exatíssimo momento de alta complexidade de sua evolução, irrompeu a vida. Perdido esse tempo, a vida não estaria aqui irradiando. Tudo apontava para a irrupção da vida lá na frente. O celebrado físico Freeman Dayson diz: "Quanto mais examino o universo e estudo os detalhes de sua arquitetura, mais vejo a evidência de que o universo de alguma forma pressentia que nós estávamos a caminho". 
Há pois tempos e tempos, e não apenas o tempo escravizante e mecânico do relógio. A Igreja guardou o sentido da diversidade dos tempos.  Para cada tempo  do ano, se Natal, se Quaresma ou Páscoa, há a sua cor específica. 
Geralmente, vivemos os tempos das quatro estações com as transformações que ocorrem na natureza. Na nossa infância interiorana, os tempos eram bem definidos: janeiro-abril - tempo das uvas, dos figos, das melancias,dos melões; tempo de maio, o plantio do  trigo; e outubro-novembro, tempo de sua colheita. 
Nós, crianças, esperávamos com ansiedade dois tempos sociais, nos quais a vila toda se reunia para uma grande confraternização: a festa da polenta e a dos passarinhos. Como as matas eram virgens, abundava todo tipo de pássaros, que eram caçados especialmente para a festa. A outra era a buchada, comida com pão e vinho, em longas mesas, seguida de cucas e geleias. 
Estes tempos e outros conferiam distintos sentidos para a vida. Havia a espera do tempo, sua vivência e sua recordação. 
O universo inteiro tem o seu tempo, que se concretiza em dois movimentos que se dão também em nós: nossos pulmões e nossos corações  se expandem e se contraem. O mesmo faz o universo mediante a gravidade: ao mesmo tempo que se dilata ele é segurado, mantendo um equilíbrio sutil que faz tudo funcionar harmoniosamente. Quando perde esse equilíbrio, é sinal que prepara um salto para a frente e para cima rumo a uma nova ordem que também se expande e se contrai. 
Cada um de nós tem seu tempo biológico, determinado não pelo relógio mecânico mas pelo equilíbrio de nossas energias. Quando chegam ao seu clímax, que  pode ser com 10, 15, 50, 90 anos, se fecha o nosso ciclo e entramos no silêncio do mistério. Dizem que é aí que habita Deus, nos esperando com os braços abertos como um Pai e Mãe, cheio de saudades.
*Leonardo Boff é teólogo e escritor. - leonardo Boff