Minas 247 - O cenário era perfeito para um pré-candidato à presidência da República. Eleições municipais em todo o país, com farta oportunidade de viajar às principais cidades, auxiliar na campanha dos aliados e, com isso, ficar mais conhecido nacionalmente.
Era esse o cenário vislumbrado pelo senador e ex-governador de Minas Aécio Neves (PSDB). Ele tinha uma vantagem adicional: poderia praticamente assistir de camarote à campanha mais importante, em seu colégio eleitoral. O candidato de Aécio, o atual prefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda (PSB) era mais do que favorito, estava virtualmente eleito, sustentado por uma aliança que reunia quase 20 partidos, incluindo o PSB do candidato, o PT e o PSDB do senador mineiro.
A situação era tão favorável que Aécio dava-se ao luxo de estimular, nos bastidores, campanhas rivais às de Lacerda, caso dos deputados federais Leonardo Quintão (PMDB) e Eros Biondini (PTB) e do estadual Délio Malheiros (PV) - os três muito próximos de Lacerda. O crescimento de um deles, ou dos três, impediria que o candidato à reeleição ficasse muito forte, a ponto de fazer sombra à liderança de Aécio em Minas Gerais.
Tão boa era o quadro que Aécio, hoje o principal candidato à presidência pelos tucanos em 2014, já iniciava suas viagens pelo Brasil. Há cerca de 20 dias, o 247 publicou matéria mostrando um levantamento que mostrava o senador mineiro percorrendo 13 estados brasileiros - sem contar Minas - apenas nos últimos oito meses. Ou seja, já estava em campanha informal à presidência - um dos pontos fracos do tucano é que seu nome ainda é pouco conhecido em outras regiões brasileiras.
A reviravolta no cenário eleitoral em Belo Horizonte acabou com esse cenário dos sonhos para Aécio. O 247 apurou que, entre alguns tucanos, a última pesquisa eleitoral divulgada, feita pelo Instituto EMData, e que apontou empate técnico entre Lacerda e seu maior adversário, o ex-ministro Patrus Ananias (PT), caiu como uma bomba. Oficialmente, as lideranças do PSDB no estado afirmam estar calmos. “O Patrus apenas teve uma enorme exposição na mídia na última semana, daí ter obtido bons números”, minimiza, por exemplo, o presidente dos tucanos em Minas, o deputado federal Marcus Pestana.
Mas há preocupação, sim, entre alguns tucanos. E uma certeza: a eleição, antes favas contadas, agora virou uma incógnica. Uma das consequências é que isso exigirá de Aécio uma atenção maior a Belo Horizonte. “Ele não terá como viajar tanto, sob risco de perder no seu reduto, o que seria catastrófico para quem quer, daqui a dois anos, ser candidato a presidente”, afirma o cientista político Rudá Ricci.
Adversário de Aécio, mas um dos mais ardorosos defensores da aliança com Lacerda - antes do rompimento -, o ex-deputado federal Virgílio Guimarães (PT) concorda. “O Aécio não poderá mais rodar o país nessas eleições”, disse Virgílio ao portal Poder Online, do jornalista Tales de Faria. “Vai ter que ficar em Minas e cuidar do dia-a-dia da campanha do Márcio. E se perder aqui, corre o risco de ter que desistir da candidatura à presidência.”
Uma eventual derrota em BH teria pelo menos dois impactos muito ruins para as pretensões aecistas. O primeiro é que ele perderia poder no PSDB. Outro presidenciável sempre citado no partido, o ex-governador paulista José Serra, ganharia espaço (desde que vença em São Paulo, claro, onde é candidato a prefeito este ano); Além disso, Aécio perderia um aliado na segunda maior máquina administrativa do estado, depois do próprio governo estadual - pior, passaria essa máquina para um rival seu.
Desnecessário dizer que não é o ex-governador imaginava para Belo Horizonte há apenas duas semanas. Mas o rompimento com os petistas foi feito e a eleição promete uma disputa acirrada. Com Aécio não mais como espectador privilegiado. Agora, ele vai ter de suar a camisa por Lacerda. 2014? Deixa para mais tarde...
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