quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O voto é um direito ou dever?

A cada tanto tempo, cansada de ser derrotada pelo voto popular,
a elite retoma a tese contra o voto obrigatório. Se todo mundo vota,
aumentam sempre as possibilidades dela ser derrotada. O candidato
tucano retoma a tese. Nós republicamos um artigo sobre o tema.

VOTO: DIREITO OU DEVER?

A cada tanto tempo, o tema reaparece: como o voto, de um direito se transformou em um dever? Reaparecem as vozes favoráveis ao voto facultativo.

A revista inglesa The Economist chegou, em artigo recente, a atribuir à obrigatoriedade do voto, as desgraças do liberalismo. Partindo do supostos – equivocado – de que os dois principais candidatos à presidência do Brasil seriam estatistas e antiliberais, a revista diz que ao ser obrigado a votar, o povo vota a favor de mais Estado, porque é quem lhe garante direitos.

Para tomar logo um caso concreto de referência, nos Estados Unidos as eleições se realizam na primeira terça-feira de novembro, dia de trabalho – dia “útil”, se costuma dizer, como se o lazer, o descanso, foram inúteis, denominação dada pelos empregadores, está claro -, sem que sequer exista licença para ira votar, dado que o voto é facultativo. O resultado é que votam os de sempre, que costumam dar maioria aos republicanos, aos grupos mais informados, mais organizados, elegendo-se o presidente do pais que mais tem influência no mundo, por uma minoria de norteamericanos. Costumam não votar, justamente os que mais precisam lutar por seus direitos, os mais marginalizados: os negros, os de origem latinoamericana, os idosos, os pobres, facilitando o caráter elitista do sistema político norteamericano e do poder nos EUA.

O voto obrigatório faz com que, pelo menos uma vez a cada dois anos, todos sejam obrigados a interessar-se pelos destinos do país, do estado, da cidade, e sejam convocados a participar da decisão sobre quem deve dirigir a sociedade e com que orientação. Isso é odiado pelas elites tradicionais, acostumadas a se apropriar do poder de forma monopolista, a quem o voto popular “incomoda”, os obriga a ser referendados pelo povo, a quem nunca tomam como referência ao longo de todos os seus mandatos.

Desesperados por serem sempre derrotados por Getúlio, que era depositário da grande maioria do voto popular, a direita da época – a UDN – chegou a propugnar o voto qualitativo, com o argumento de que o voto de um médico ou em engenheiro – na época, sinônimos da classe média branca do centro-sul do país – tivesse uma ponderação maior do que o voto de um operário – referência de alguém do povo na época.

O voto obrigatório é uma garantia da participação popular mínima no sistema político brasileiro, para se contrapor aos mecanismos elitistas das outras instâncias do poder no Brasil.

Por Emir Sader

2 comentários:

  1. Meu querido ,
    Você não entendeu ,não prestou atenção no titulo, pois eu não falei se o Arnaldo Jabor estava certo ou errado e que eu falei e sobre a "censura" , por exemplo seu comentário esta no meu Blog e não foi censurado , eu poderia muito bem censura ja que o Blog e meu , mas não o fiz
    Seja quem for que ganhei as eleições não tem direito em censurar uma materia , Pois se não tomarmos cuidado acontecera o mesmo que na Venezuela

    Martin Niemöller, (1892-1984)
    Um dia vieram e levaram o meu vizinho que era judeu.
    Como não sou judeu, não me incomodei.
    No dia seguinte, vieram e levaram outro vizinho que era comunista.
    Como não sou comunista, não me incomodei .
    No terceiro dia vieram e levaram o meu vizinho social-democrata.
    Como não sou social-democrata não me incomodei.
    Quando vieram buscar os sindicalistas não disse nada
    não sou sindicalista
    Quando vieram e me levaram
    já não havia ninguém para se ouvir...



    bjs obrigado pela sua visita

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  2. Olá Lídia,

    Como a resposta a seu comentário exigia alguns argumentos, resolvi te enviar por email. Portanto veja na sua caixa os detalhes.

    De qualquer forma me sinto honrado com a sua visita, venha sempre, este espaço está aberto pra qualquer opinião.

    Bjs.

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