segunda-feira, 20 de setembro de 2010
Rejeição a Serra em SP pode eleger Mercadante
Há uma teoria ganhando corpo que, há algumas semanas, parecia-me totalmente inverossímil. Todavia, nos últimos dias deparei com indícios de que ela pode ter um quê de fundamento. É sobre a sucessão ao governo do Estado de São Paulo, a última cidadela do PSDB.
Pesquisa Datafolha divulgada no último dia 4 revelou que a oposição pode sofrer uma hecatombe eleitoral. A rejeição de José Serra em seu Estado ultrapassou a de Dilma Rousseff – 29% e 26% dos paulistas não votariam, respectivamente, no ex-governador e em sua principal adversária.
O fenômeno revelado pelo Datafolha agora encontra correspondente no panorama político estadual.
Levantamento produzido pelo instituto de pesquisa paulista Ipespe divulgado no último sábado (18/09) mostra que a eleição para o governo de São Paulo está a 7 pontos do segundo turno. Geraldo Alckmin aparece com 46% e Aloizio Mercadante, com 26%. Os demais candidatos têm 13%. Somando todo o bloco, são 39% das intenções de voto.
Vale uma informação: o instituto Ipespe é dirigido por Antonio Lavareda, especialista em pesquisa e marketing político. Ele trabalhou durante boa parte de sua carreira para o PSDB e segue tendo sólidas relações com o partido.
Feita a abservação, analisemos os números da pesquisa. Como a sua margem de erro é de 3,2 pontos percentuais, Alckmin, no limite, pode ter 42,8% e os adversários, 43,2%, o que levaria a eleição paulista ao segundo turno.
Como várias outras sondagens revelam que as denúncias de Serra e da grande imprensa contra Dilma não produziram efeito, e que a rejeição do tucano continua subindo, é de supor que a persistência dele nessa campanha denuncista via mídia pode elevar ainda mais a sua rejeição.
Se Alckmin estiver mesmo sendo contaminado pela rejeição de Serra – e supondo que essa rejeição pode estar crescendo por força do bombardeio da mídia sobre Dilma –, o candidato tucano ao governo paulista poderá ver sua enorme vantagem se reduzir a nada em um eventual segundo turno.
Não é à toa que, por todo país, candidatos tucanos vêm escondendo Serra em suas propagandas e evitando ser vistos com ele. Há um sentimento de revolta no país com as táticas dele, sobretudo com aquela que lhe envolveu a própria filha. Isso ficará claro em 3 de outubro.
É uma boa notícia para São Paulo – ou uma boa hipótese –, se houver alternância de poder por aqui. A situação está catastrófica. Transporte, Saúde, Educação, Segurança… Tudo sucateado. Detalhe: são 16 anos de PSDB no Estado.
Se ocorrer um fenômeno dessas proporções, será um cataclismo político. Sem São Paulo, haverá uma desestruturação da oposição brasileira. Alijada de praticamente todas as administrações públicas de relevo, a oposição terá que se reinventar.
Todavia, de nada adiantará a oposição se reciclar se a mídia continuar cobrando ferocidade dos opositores de um provável governo Dilma como cobra dos tucanos e pefelês no governo Lula. Continuará a aposta no escândalo e no denuncismo como forma de retomada do poder.
Contudo, uma ressalva: a democracia é um sistema de pesos e contrapesos. Nenhum grupo político pode adquirir hegemonia. Como dizia John Emerich Edward Dalberg-Acton, primeiro Barão de Acton, “O poder corrompe, e o poder absoluto corrompe absolutamente”.
O Brasil terá muito o que discutir depois que se extinguirem as chamas eleitorais.
Por Eduardo Guimarães
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