terça-feira, 12 de outubro de 2010

Para quem ainda acredita na Folha de São Paulo


O dia, 8 de dezembro de 1970. Neste dia a família de Eduardo Collen Leite recebeu o corpo. Os dois olhos vazados, as duas orelhas decepadas, todos os dentes quebrados ou arrancados, costelas partidas, cortes profundos, hematomas por pancadas e marcas de queimadura por brasas de cigarros em todo o corpo.

Bacuri e sua esposa eram militantes da ALN (Aliança Renovadora Nacional) e lutavam contra a ditadura. E os agentes da ditadura tinham ódio dele. Ele seqüestrou o consul japonês e o trocou por um companheiro preso, o Mário Japa. Ele conseguiu a libertação de sua esposa Denise Crispin, grávida de seu filho quando ameaçou de morte o comandante do II Exército. Ele foi comandado por Carlos Lamarca. Ele furou um cerco e entregou em segurança as armas que levava a um “aparelho”. Ele conseguiu êxito em várias ações. Por isso o odiavam e o juraram de morte. E o fizeram de forma lenta e dolorosa como costumavam fazer os assassinos da ditadura.

Foi preso no Rio de Janeiro em agosto e foi torturado durante todo o tempo. 109 dias de torturas terríveis. Carlos Paranhos Fleury, o assassino mór do grupo de torturadores participou pessoalmente das seções de tortura.

A Folha da Tarde, que mudou de nome para Folha de São Paulo, noticiou primeiro a sua falsa fuga em 24 de outubro de 1970. Os próprios assassinos mostraram a notícia para ele, zombando. Mais de 50 presos testemunharam que ele jamais saíra da prisão a não ser no dia 27 daquele mesmo mês, quando foi levado para o sítio de Fleury. Este sítio era um centro clandestino de torturas. Nunca mais seria visto com vida por seus companheiros de prisão. Devem ter sido 49 dias de sofrimentos terríveis.

No dia 8 de dezembro de 1970, a mesma Folha da Tarde dava a notícia da forma como vemos ao lado. Esta mesma Folha, recentemente, declarou que no Brasil não tivemos ditadura, que foi uma “ditabranda”.

Esta é a imprensa que nos dá as notícias de forma “imparcial”.

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