Debatizinho morno foi só aquecimento

Foi um debate morno, sem emoções, que serviu mais como um aquecimento para Dilma Rousseff se adaptar a este tipo de programa, que exige um discurso rápido e direto. Com certeza não mudou um ponto percentual sequer nos candidatos com reais chances de vencer e pode ter angariado simpatias a Plínio de Arruda Sampaio, do PSOL, que ao menos criou duas daquelas expressões que costumam marcar as eleições: hipocondríaco, para José Serra, que só sabe falar de saúde, e ecocapitalista, para Marina, dizendo que sua defesa do meio ambiente vai até onde não afete o lucro do capitalista. Creio que ele tomou de Marina a chance de crescer com o debate um ou dois pontinhos.

Dilma não começou muito bem, demorando a vincular sua candidatura ao governo Lula, mas aos poucos foi se soltando e marcando alguns gols. O melhor foi no terceiro bloco, quando tirou Serra para dançar em assuntos incômodos para o tucano, como a indústria naval e a eletrificação rural, comprando o que foi feito no governo de Lula com o que aconteceu no governo FHC.

Dilma desperdiçou boas chances de liquidar Serra, talvez a melhor quando um jornalista da Bandeirantes perguntou ao tucano sobre as privatizações e a vergonha que os candidatos do PSDB parecem ter dos oito anos de governo de Fernando Henrique Cardoso. Serra saiu pela tangente falando que ia melhorar os Correios, ao que Dilma poderia ter respondido que ainda bem que sobraram os Correios depois que o governo do qual Serra participou vendeu na bacia das almas grande parte das empresas públicas brasileiras.

É natural que Dilma ganhe traquejo ao longo dos debates, que não devem ser tantos, já que a eleição tende a terminar com sua vitória no primeiro turno. Como já comentei aqui, o negócio é deixar claro que Dilma é Lula e Lula e Dilma e também apontar que Serra é FHC e que FHC é Serra.

PS. Vou colocar aí em cima a primeira fala de Dilma. Dá para perceber como ela está insegura. Assim que o pessoal conseguir processar o vídeo inteiro, coloco a fala final. Vocês vão sentir a diferença.

Por Brizola Neto no Tijolaço