sexta-feira, 6 de agosto de 2010
Por que Serra "derrete" tão rápido
Escrevo antes de o Jornal Nacional de 6 de agosto divulgar a última pesquisa sobre a eleição para presidente da República, de responsabilidade do Ibope. Escrevo enquanto notinhas surgem na internet dando conta de que tal pesquisa se aproximaria da do instituto Vox Populi, publicada na semana passada, e da do instituto Sensus, publicada nesta semana.
Tudo começou no blog de Luis Nassif na quinta-feira (5/8), quando ele soltou uma nota dizendo que interlocutores confiáveis lhe haviam confidenciado que Dilma abriria larga vantagem na segunda pesquisa Ibope em cerca de uma semana.
Nesta sexta, o blog de Lauro Jardim, hospedado no portal da Revista Veja na internet, veiculou que a pesquisa Ibope a ser divulgada no Jornal Nacional, logo mais, traria “más notícias para a campanha de José Serra”, pois Dilma Rousseff abriria vantagem ainda maior. Em seguida, uma colunista da Folha na internet divulgou insinuação nesse sentido.
Isso depois dos oito por cento que o instituto Vox Populi detectou para Dilma de vantagem em relação a Serra e dos dez por cento que o instituto Sensus igualmente apurou.
A candidatura Serra está derretendo. Aliados nos Estados evitam mencioná-la, financiadores de campanha fogem, sua rejeição bate no teto em todos os institutos de pesquisa – inclusive no Datafolha…
O que explica o derretimento da candidatura tucana à Presidência em espaço de tempo tão curto e de forma tão repentina?
Será o fato de que, com o fim da Copa do Mundo, o eleitorado, que já tinha essa propensão de votar no indicado por Lula, finalmente começou a tomar conhecimento da política e, ao saber quem é a indicada do popular presidente, já demonstra propensão de acolher a indicação presidencial?
Ou será que os ataques virulentos a Dilma desferidos por Serra e Índio da Costa, candidato a vice em sua chapa, fizeram o eleitorado se lembrar das tantas vezes em que acreditou nas acusações da direita contra o PT e, assim, votou no anti-Lula da vez e depois se deu mal?
Talvez seja uma conjunção de tudo isso aliada ao fato de que o povo está com dinheiro no bolso, esperança no coração e, assim, quer que Serra, suas Farc, seu PCC, seus dossiês e tudo mais vão para o raio que os parta, porque não irá colocar seu bem-estar recém-conquistado em jogo por causa de meia dúzia de bobagens político-ideológicas.
O derretimento antecipado da candidatura Serra, antes de tudo, deve-se à sua crença alucinada em um poder da mídia que deixou de existir há muito tempo, ao menos na versão político-eleitoral, pois, cada vez mais, fica provado que o povo brasileiro não dá mais bola para o que essa mesma mídia (impressa e eletrônica) veicula sobre política.
Por Eduardo Guimarães
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