segunda-feira, 9 de agosto de 2010
Novas pesquisas Vox Populi e Datafolha: metodologia ou acerto??
Sexta e sábado deram entrada no TSE diversos registros de pesquisa feitos pela Vox Populi e pelo Datafolha, além de quatro pesquisas a nível estadual do Ibope. Vou fazer o questionamento antes que saiam os resultados, para ver se algum dos institutos dá-se ao trabalho de explicar as razões que os levaram a adotar uma metodologia tão diferente na composição da amostra.
O Datafolha registrou nove pesquisas. São Paulo (2.040 entrevistas), DF (690), Minas (1250), Paraná (1200), Bahia (1060), Rio Grande do Sul (1190), Rio de Janeiro (1240), e Pernambuco (1080 entrevistas). São oito estados, portanto e mais uma (protocolo 22734/2010) nacional, com 10770 entrevistas, que englobam as 9750 feitas nos oito estados mencionados e outras 1020 feitas nos demais 19 estados da Federação, pois, segundo o Datafolha, a amostra foi desenhada para 2500 entrevistas “nacionais”. É o mesmo método usado na pesquisa anterior, a única a dar vantagem a Serra: as amostras “desproporcionais” são corrigidas “proporcionalizando” no resultado final.
Já o Vox Populi registrou 12 pesquisas. Rio Grande do Norte (700 entrevistas), Minas Gerais (1000), Bahia (800), Distrito Federal (700), São Paulo (1500), Paraná (800), Rio Grande do Sul (800), Pernambuco (800), Rio de janeiro (1000), Mato Grosso do Sul (1000) e Piauí (1600). São portanto, 10.700 entrevistas, a mesma quantidade da Datafolha.
Mas a Vox Populi não usa a “proporcionalização” destes resultados. Ao contrário, registra uma outra pesquisa, a nível nacional, com 3.000 entrevistas, usando os critérios de distribuição do eleitorado divulgados pelo TSE.
Por que? Porque a “desproporcionalização” e a “reproporcionalização” não podem ser feitas sem comprometer resultados, como faz o Datafollha.
Vejam só os critérios, tirados da própria descrição metodológica apresentada pelo Datafolha.
Ponderação 1-
Nessa amostra, os tamanhos dos estratos foram desproporcionalizados para permitir detalhamento de algumas unidades da federação (UF´s) e suas capitais. Nos resultados finais, as corretas proporções serão restabelecidas através de ponderação.
Ponderação 2
Na descrição das pesquisas estaduais, portanto, admite-se que o número de entrevistas nas capitais foi, também, “desproporcionalizado”, comforme é descrito, por exemplo, no caso de Minas Gerais: “Os tamanhos dos estratos foram desproporcionalizados para permitir detalhamento dos resultados na capital Belo Horizonte, onde serão realizadas 400 entrevistas. Nos resultados finais, as corretas proporções serão restabelecidas através de ponderação.”
Ponderação 3
“Está prevista a eventual ponderação para correção nos tamanhos dos segmentos da tabela acima considerando as variáveis sexo e faixa etária. Para as variáveis grau de instrução e nível econômico do entrevistado (renda familiar mensal), o fator previsto para ponderação é 1 (resultados obtidos em campo)”
Ou seja, o Datafolha, pondera, repondera e repondera outra vez os resultados. A ponderação não se restringe à amostra, como em qualquer pesquisa, mas ao resultado. E se dá numa parcela imensa do número de entrevistas (90%).
Já disse que não sou especialista em estatística, mas não dá para fugir á pergunta óbvia: por que o Datafolha não pondera apenas na amostra, retirando das entrevistas nos estados onde faz detalhamento as cotas demográficas correspondentes à amostra nacional, como fazem o Vox Populi e o Ibope?
Quem quiser saber de mais situações interessantes sobre o comportamento do Datafolha, pode clicar aqui e ver a excelente análise do blog Se discute sobre o comportamento dos institutos desde que o Movimento dos Sem Mídia, liderado por Eduardo Guimarães, representou ao TSE pedindo investigação sobre as pesquisas eleitorais.
Brizola Neto do Tijolaço
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