Na falta de novidades, até parei de escrever sobre a campanha eleitoral nos últimos dias, como vocês devem ter notado. A cada nova pesquisa, a mesma rotina: Serra cai, Dilma sobe e deve vencer no primeiro turno. Se virou rotina, deixou de ser notícia.
No último Ibope, divulgado neste final de semana, o que chegou a ser anunciado como uma guerra entre governo e oposição, poucas semanas atrás, de uma hora era virou um passeio. Dilma abriu 24 pontos de vantagem (51 a 27).
Nem Lula, nem Dilma, muito menos o candidato tucano José Serra poderiam esperar que a eleição caminhasse para este desfecho ainda em meio à campanha, faltando 33 dias para a abertura das urnas.
A esta altura, Dilma está na frente em todos os Estados e regiões, vence nos maiores colégios eleitorais do país, lidera em todas as faixas de renda (menos entre os mais ricos), escolaridade e etárias. E a tendência é crescer mais: 12% dos eleitores ainda não sabem que ela é a candidata do presidente Lula.
Diante destes números acachapantes, até Carlos Augusto Montenegro, o presidente do Ibope, que até outro dia apostava todas as suas fichas na vitória de José Serra, jogou a toalha.
Em entrevista ao semanário IstoÉ, ele foi mais uma vez categórico, como quando me disse, ainda em 2008, durante um almoço no portal iG , na época das eleições municipais, que Gilberto Kassab seria eleito prefeito de São Paulo (como de fato foi) e José Serra era imbatível para a presidência da República.
“O Brasil já tem uma presidente. É Dilma Rousseff. Tem pesquisas diárias indicando que esta eleição presidencial acabou. Errei e peço desculpas. Na vida, às vezes, você se engana”, afirma ele agora.
Como Montenegro pode estar errando de novo e resultado de eleição só se conhece quando os votos são apurados, é bom ir com cuidado, sem botar os carros diante dos bois.
Mas não é isso que está acontecendo com alguns coleguinhas da imprensa, que até outro dia procuravam dar orientações para a correção dos rumos da campanha demotucana, inconformados com as atuação camaleônica do candidato José Serra e o crescimento firme de Dilma Rousseff.
Parece que eles também entregaram os pontos. De uma hora para outra, viraram suas baterias com ataques ferozes ao candidato de oposição e seus aliados, criticaram a falta de propostas e de bandeiras, cobraram uma atitude mais combativa e, claro, sobrou até para o marqueteiro, o mesmo Luiz Gonzalez de outros carnavais, que virou a nova Geni.
Como o tal “fato novo” tão esperado não surgiu ou ao menos não aconteceu, esgotadas as possibilidades da novela dos misteriosos dossiês que ninguém viu, já dando Serra como página virada, tanto o noticiário como as colunas de opinião passaram a se dedicar a especulações sobre o futuro da oposição e a formação do governo Dilma.
Enquanto se discute se a oposição será liderada por Aécio Neves ou Geraldo Alckmin, no fim de semana já apareceu até a primeira crise do governo Dilma, com a suposta disputa pelo poder entre os “ministros” Antonio Palocci e José Dirceu. Seria tudo muito hilário, não fosse patético.
Por Ricardo Kotscho
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