terça-feira, 20 de julho de 2010

Os corvos olímpicos

Tem gente que não gosta do Brasil. “O problema do Brasil é que já foi descoberto por estrangeiros”, dizia um parlamentar da ditadura, pilhado pelo Febeapá do Stanislaw Ponte Preta. O avô de um coordenador da campanha do candidato tucano-demista, Juracy Magalhães, primeiro Ministro de Relações Exteriores da ditadura, disse: “O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”. Collor gostava de denegrir a indústria brasileira, FHC de dizer que os brasileiros são “preguiçosos”.

No dia em que se decidia a sede das Olimpíadas de 2016, nenhum jornal brasileiro dava destaque ao tema, certamente já tinham seus editoriais prontos para alegar que o governo tinha gasto muito dinheiro para fazer dossiês, promover viagens e que não tinha sido parada para a Chicago de Obama ou para Madri ou Tóquio. No dia seguinte, tinham cadernos especiais dizendo que o Brasil tinha ganho – sem destaques para o desempenho do Lula – e que eram a favor desde o começo.

Tendo perdido essa parada, os corvos não cansam de abastecer os inimigos externos do Brasil sobre o Campeonato Mundial de Futebol de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Se somam cotidianamente à campanha das entidades internacionais, cujos burocratas tem a função de atazanar os países da periferia do sistema de que seriam incapazes de promover eventos globais como esses. Fizeram isso o tempo todo com a Grécia e as Olimpíadas ali foram um sucesso. Criaram um clima de que o Campeonato Mundial de Futebol na África do Sul seria um desastre e tudo correu muito bem. Agora se volta, como corvos, para o Brasil. Serão 4 ou 6 anos de atazanamento. Depois de nos livrar-nos das missões do FMI, agora teremos os burocratas da FIFA e do COI “controlando” as obras.

Contam com a imprensa quinta coluna brasileira e suas denúncias preventivas sobre má utilização dos recursos, corrupção, atrasos, elefantes brancos que seriam construídos e não utilizados e até mesmo sua repentina preocupação com a miséria brasileira, que deveria primeiro ser superada, para só depois podermos organizar atividades dessa importância. A Federação Inglesa de Futebol já afirmou que está disponível para organizar o Campeonato de 2014, caso confirmassem as previsões agoureiras dos corvos de plantão por aqui.

Incomoda aos corvos, a auto-estima brasileira, como incomodava a alegria dos africanos durante a Copa. Incomoda que um presidente nordestino, torcedor de futebol, tenha passado pra trás seu ídolo querido, o presidente dos EUA e sua elegante senhora, que chegaram no ultimo momento ao local da decisão das Olimpíadas, acreditando que com seu charme e sua prepotência, levariam para sua cidade os Jogos.

Perderam eles lá e os corvos aqui. Perderão nas eleições deste ano e o Brasil organizará, como disse Lula, os jogos mais inesquecíveis da história do esporte, com um povo alegre e solidário.

Por Emir Sader

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