quarta-feira, 28 de julho de 2010

Pesquisas, golpes e trincheiras


Como já foi dito aqui, uma das funções das pesquisas Datafolha e Ibope, na minha opinião, é evitar a sangria dos investimentos na campanha de José Serra, bem como a debandada geral do seu barco furado.

Mas pode haver outra função. Que só de considerar hipoteticamente, sinto calafrios. Pode ser uma orquestração de distorções que deixa uma “porta aberta” para a possibilidade golpista adentrar na eleição. Pois, mantendo-se a ficção do empate técnico, os dois institutos legitimariam uma vitória de Serra – fraudada eletronicamente – dando-lhe 50% mais alguns dos votos válidos num eventual segundo turno. “Incontestável”, diriam os demotucanos e sua mídia – “os institutos mais ‘confiáveis’ já vinham fazendo essa projeção há muito tempo”, “Vox Populi e Sensus são claramente à favor do PT” etc. Como questionar um resultado se não existe a possibilidade de “recontagem” dos votos nem contraprova de papel em urna convencional?

Num mundo onde a informática evolui na velocidade da luz; onde controles remotos, conexões sem fio e outras “magicas virtuais” são realidade até em brinquedos; onde hackers e programas antivírus são faces da mesma moeda na indústria da proteção aos computadores pessoais; e onde os computadores, por mais protegidos que pareçam estar, sempre oferecem brechas para a invasão de vírus – não é exagero supor que pode-se invadir urnas eletrônicas com programas maliciosos que se instalam, fazem o “serviço” e desaparecem sem deixar rastros…

Mas, deixando a paranóia de lado – confiando na representação do Movimento dos Sem Mídia junto à Justiça Eleitoral e Polícia Federal e contando com a comunidade internacional de olho no processo eleitoral brasileiro – as novas pesquisas devem consolidar a vantagem de Dilma Rousseff, como já adiantou o Vox Populi que o Sensus confirmará. E, pelo andar da carruagem, Dilma chegará à reta final bastante confortável. (Que o digam as pesquisas internas dos partidos, que produzem crises nervosas em Serra e sorrisos de orelha a orelha em Lula…) Sua vantagem sobre Serra estará próxima da pontuação de Marina Silva. Não terá motivo algum para descer ao nível rasteiro e ardiloso de seu adversário que virá aos debates cão raivoso, armado até os dentes depois do fracasso de baboseiras como “Um estado cada vez melhor” e “Trabalhando por você”, veiculadas maciçamente na TV – e que só colam no mesmo rebanho paulista, lobotomizado há mais de uma geração pela presença invulnerável do PSDB em seu governo.

A essa altura, restando pouco mais de dois meses, o objetivo do PSDB e seu lodoso aliado, passou a ser, acima de tudo, garantir a sobrevida de um segundo turno. Tempo para que um “milagre” aconteça ou que seja “criado”. Por esta razão, a dupla Zé Pedágio & Indiozinho – refugo máximo da direita retrógrada nas “paradas eletivas” – e seus parceiros jornaleiros de câmeras em punho, insistem em chamar Dilma e o PT para o lamaçal de sua arena onde sentem-se “em casa” para a brigar e rolar a vontade. Fundamental para sua sobrevivência será manterem o bate-boca e a polêmica nos noticiários. Seja como vilões ou heróis. Tanto faz.

Dilma e o PT continuarão sendo acusados de terem ligações e serem produtores ou reféns de uma lista clássica de ícones do mal. Acusações requentadas nas mesmas panelas de 2002 e 2006. Os ataques serão precisos, sincronizados às manchetes do dia seguinte e aos produtores de factóides que se empenharão em sustentar as matérias nos destaques da mídia semanalmente.

Diante de tudo isso, resta a todos que simpatizam com o projeto de continuidade e aprofundamento da democracia social conquistada no governo Lula, construírem trincheiras respondendo às calúnias e baixarias veiculadas pelo PIG. Mais do que na Internet – onde diversas ferramentas permitem enfrentar agressões e agressores – as ações devem transpor o espaço virtual para alcançar o dia-a-dia, no ambiente familiar, nos relacionamentos sociais e no trabalho.

É preciso proteger e vitaminar o maior de todos os bens que possuímos atualmente: o estado de direito democrático. Pois, em recentes comentários aparentemente despretenciosos, alguns juízes chegaram a sugerir a possibilidade jurídica de impugnar a candidatura Dilma Rousseff. Isso pode ter sido apenas um balão de ensaio para “sentir” a receptividade da platéia. Não fossem a estupenda avaliação positiva de Lula, seu prestígio internacional e o sólido crescimento de sua candidata, o golpe do tapetão teria chances de ir adiante…

Além do futuro do Brasil, as eleições deste ano representam o futuro do continente. A América do Sul ainda trata das feridas causadas pelas ditaduras sangrentas que vitimaram seus povos no passado recente. E a vitória de Dilma fortalecerá suas democracias frente à sombra ameaçadora da mesma direita que apoiou os vários golpes militares no continente, como expôs, pleno de razão, Rodrigo Vianna em seu blog.

Do Blog Oqueseráquemedá

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