terça-feira, 6 de julho de 2010

Jornalões apoiaram ditadura, agora posam de democratas


Por Zé Dirceu

Nossa mídia, os jornalões particularmente, há meses batem na tecla de que o governo Lula ao manter relações diplomáticas e comerciais com países como o Irã e da África é conivente com a violação dos direitos humanos nessas nações, o que não passa de um sofisma.Não há no mundo um país sequer que não mantenha relações com outros a partir desse critério, o que não significa - pelo contrário - concordância com o regime deste ou daquele pais, nem leniência ou conivência com a violação dos direitos humanos ou com ditaduras.

Essa mesma imprensa que apoiou o golpe militar de 64 e depois se viu submetida à censura prévia, agora dá um novo passo e quer condenar à visita do presidente Lula a oito países da África como se fosse apoio a ditaduras ou a governos que se auto-perpetuam no poder, quando todos os desenvolvidos mantêm relações econômicas e diplomáticas com eles, sem prejuízo da posição política de cada um.

O jogo sujo da midia consiste em querer nos associar com ditaduras e autoritarismo quando surgimos e crescemos (nós, os que integram o governo, o partido do presidente Lula) lutando contra a ditadura, mesmo quando parte da imprensa a apoiava. Está mais do que provado e hoje é indiscutível o fato de que alguns órgãos de imprensa apoiaram a repressão e davam cobertura aos "suicídios" e desaparecimentos de presos políticos em seu noticiário, inclusive e principalmente às versões oficiais.

Submissão aos EUA é o que lhes interessa

Alguns até emprestaram carros, viaturas, publicavam na íntegra, sem questionar notas oficiais sobre esses suicídios e desaparecimentos emitidas pela ditadura. Agora levantam a desculpa esfarrapada de que seus donos e executivos, inclusive os das redações, não sabiam que isso acontecia. Fora o fato histórico de que em plena ditadura de Alberto Fujimori, o presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) o condecorou em Brasilia e seu governo tucano se recusou a rejeitar, e reconheceu o resultado das eleições de mentira, fraudulentas, na verdade uma tentativa de legalizar um golpe de Estado promovida pelo ditador que hoje cumpre pena de prisão condenado por corrupção no Peru.

Essa miopia da nossa direita ao atacar a política externa do governo Lula não é falta de visão. É compromisso com os Estados Unidos e com um Brasil dependente, é posicionar-se contra os nossos interesses nacionais. Desconhecer a África e não ter uma política de apoio a seu desenvolvimento é o mesmo que ser contra a integração sulamericana, contra a qual a mídia também se insurge.

Ter essa posição é falta de compromisso com o Brasil, com os nossos interesses nacionais e tornar-se submisso à política hegemônica dos Estados Unidos - eles mantêm relações e defendem seus interesses comerciais e econômicos na África. Chama atenção, ainda, o fato de que quanto mais perto das eleições mais violentos vão ficando os editoriais e artigos contra as políticas do governo Lula, como provam os publicados nesse último domingo pelo O Estado de S.Paulo e O Globo.

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