sábado, 10 de julho de 2010

Uma censura típica de ditaduras


Enquanto a mídia nos acusa injustamente de querer impor no país a censura, o candidato do PSDB, e ex-governador de São Paulo José Serra, faz ingerência política sobre a TV Cultura, um canal público, e demite o jornalista Heródoto Barbeiro, porque este lhe fez uma pergunta incômoda no Roda Viva. Além da substituição de Heródoto no programa, o jornalista Gabriel Priolli foi afastado do cargo de diretor de jornalismo da Cultura, porque a emissora estava produzindo uma matéria sobre o aumento nos pedágios.

Serra demitiu Heródoto e toda a mídia foi conivente e prevaricou. Não é de hoje que ele pratica esse pior tipo de censura, típica das ditaduras. Há anos vem pressionando redações, ameaçando jornalistas, sempre com o apoio e o silêncio dos chefes de redação, dos jornalistas que sabem e dos donos de jornal. O caso Heródoto é só mais um, porém, agravado, porque estamos em campanha eleitoral.

No entanto, quando propomos a regulação da mídia, o que existe em todos os países democráticos, seja Estados Unidos ou Portugal, nos acusam de querer impor a censura. Quando só queremos copiar, adaptada ao Brasil, a legislação democrática regulatória da mídia de qualquer um desses países. O fato absurdo é que toda a chamada grande imprensa está fazendo campanha para Serra. A capa da revista Veja desta semana é só mais um exemplo. A revista tenta, novamente e sem sucesso, explorar o medo e o preconceito, como o candidato tucano fez no início dessa campanha repetindo sua fracassada campanha de 2002.

O episódio da demissão de Heródoto Barbeiro acontece dentro de um cenário de agravamento do comportamento da mídia, expresso na violenta charge sobre a candidata Dilma Rousseff, publicada esta semana pelo jornal Folha de S. Paulo. De autoria do ilustrador Nani, com texto de Josias de Souza, expressa um sentimento comum na elite do país anti petista, de ódio e preconceito contra todos que ousaram por fim aos seus privilégios – não todos ou simplesmente ousaram vencer as eleições, acreditando na democracia e na justiça.

O comportamento da mídia só acontece pela omissão da justiça e do Congresso Nacional. Este que legisla e a justiça porque julga sempre a favor dos senhores donos do monopólio da mídia e da manutenção do status quo de uma mídia eletrônica controlada por políticos e partidos, ao lado de um monopólio de fato. O chargista e o jornalista merecem o troféu de ficha suja da imprensa, que deve ser instituído para democraticamente ser dado todos os anos àqueles que não respeitam sequer os códigos de ética e de conduta da profissão e das empresas, mesmo reconhecendo o direito deles de publicá-las e de apoiar quem bem entenderem nas eleições.

Por Zé Dirceu

Nenhum comentário:

Postar um comentário